Escritores
sobre assuntos de economia, políticas sociais e afins utilizam a muito
conhecida divisão do mundo em três categorias, de acordo com certas definições:
primeiro segundo e terceiro mundos. Tal divisão, se bem que tenha sido
universalmente adotada, parece estar fundada em um conceito ultrapassado ou
inadequado, pois as condições dos países hoje em dia, uns em relações aos
outros, são tão variadas que não cabem em apenas três moldes. Por este motivo,
seria preciso acrescentar pelo menos mais uns três mundos com suas
características definidas de condições sociais e econômicas.
Se,
por um lado, é aceitável colocar países como os Estados Unidos da América, a
França e a Alemanha dentro da definição dada pela expressão "primeiro
mundo", por causa de seu nível muito semelhante de progresso social, por
outro lado, não é possível afirmar que Brasil e Nigéria, por exemplo, podem ser
encaixados na mesma categoria de "terceiro mundo". Se o Brasil está
nela, então a Nigéria e outros países do mesmo perfil teriam de ser ditos de
"quarto" ou de "quinto mundo". E o que dizer do Haiti, do
Quênia? O problema é que a definição de primeiro mundo se aplica muito bem aos
países para os quais é destinada, talvez a de segundo mundo seja um tanto
adequada aos seus países alvos, porém, a de terceiro mundo com certeza mascara
a realidade, criando um conceito na mente dos que a utilizam que é a média
ponderada de todos os países por ela englobados. Neste caso, se o leitor
preferir que o terceiro mundo seja exemplificado pelo Brasil ou pela Argentina,
tendo estes países como paradigmas e alvo das políticas econômicas unificadas
do primeiro mundo para com o terceiro, tal conceituação será injusta para com os
países que estão muito aquém daqueles no seu desenvolvimento econômico e
social. Tal concepção dificulta a compreensão do nível e tipo de justiça social
que os países abaixo do "segundo mundo" necessitam para a correção
das injustiças e desigualdades que os assolam. Quer dizer, se fosse possível
repartir igualitariamente toda a riqueza que existe no Brasil o problema deste
país estaria solucionado, mas se o mesmo procedimento fosse adotado na Nigéria
não mudaria quase nada. O Brasil sofre de um alto grau de injustiça
"interna", enquanto que, na Nigéria, a necessidade mais premente é de
justiça "externa".
Quantos
"mundos" serão necessários para englobar a diversidade de condições
neste planeta? Se partirmos de uma tabela com os países alinhados de acordo com
o seu nível de desenvolvimento medido pelo "índice de Gini", ou
qualquer outra medida justa das suas condições econômicas e sociais, poderemos
ter umas cinco ou seis divisões acuradas, e a ajuda para o desenvolvimento e
alívio imediato das dificuldades haverá de ser direcionada, em primeiro lugar,
para os mais necessitados do mundo. Deste modo, deveria haver um programa
mundial de ajuda para que os países do "último mundo" passassem para
o nível do "penúltimo", os quais seriam então juntamente considerados
como se encontrando no último nível e alvos do mesmo processo, até que toda a
humanidade alcançasse igual nível de desenvolvimento, ou, pelo menos, devessem
os países serem classificados como pertencentes, no máximo, a um segundo mundo.
José
Cassais
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