Quando Platão desenvolve seu argumento a respeito do “um que não é” ele parte de um conceito absurdo, contrário ao principio aristotélico de não contradição, e, consequentemente, todas as suas conclusões não são nada mais do que paralogismos. Platão pronuncia “o um”, atribuindo-lhe existência, e logo em seguida afirma que ele “não é”. Pois dizer o “um que não é”, é o mesmo que dizer “a água que não molha”, ou o “fogo que não queima”. No momento mesmo em que se diz “água” (supondo-se que esta esteja em seu estado liquido), pronuncia-se também a sua característica de ser molhada; no momento em que se diz “fogo” pronuncia-se a sua característica de queimar, e no momento mesmo em que se diz “o um” pronuncia-se o seu ser.
Logo, o “um que não
existe” não pode ser pronunciado com propriedade. O que não existe não pode ser
qualificado. Se não existe não pode ser “o um”. Com ele nada se relaciona, e a
partir dele nenhuma inferência é alcançada. Pode-se dizer: “se o um não existe”.
Mas não pode dizer-se: “o um que não existe”. Para fazer tal afirmativa, no
próprio ato de nomear o um utilizando o artigo definido, afirma-se a sua
existência, para logo em seguida (no caso de Platão) predicar-lhe o não ser.
Como é possível afirmar a existência de um ser e, em seguida, o contrário disto?
José Cassais
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