A única diferença aceitável entre os ricos e os pobres deveria ser o luxo. Entretanto, isto só aconteceria se aos últimos fosse permitido o acesso a tudo o que é necessário para se viver dignamente — quer dizer, se todos tivessem alimentação suficiente, moradias decentes, leis justas, vida saudável e tempo e oportunidades abundantes para o lazer — nada menos do que isto. E, tudo isso, não apenas em um determinado país ou região, mas no mundo inteiro.
Se a situação fosse essa, então os que fossem considerados ricos, e dos quais a
riqueza não precisaria de forma alguma ter limites (desde que, é claro,
não se houvesse expandido às custas de nem um pedacinho do bem-estar devido
a qualquer ser humano), despertariam em todos os outros tão somente
sentimentos de admiração, nunca de inveja. Sua riqueza exerceria a função
de uma espécie de garantia para toda a sociedade, como se fosse um celeiro
abarrotado de mantimentos que podem ser utilizados em caso de necessidade;
e também cumpriria o papel de servir como um estímulo para aqueles
que desejassem se esforçar além do necessário com o fim de obter
o mínimo necessário para se viver naquela sociedade.
Não seria uma coisa abjeta, seria mesmo desimportante, alguém possuir um iate
com banheiras de ouro se no mundo inteiro ninguém sentisse fome e
todos possuíssem casas decentes para habitar, e se ninguém tivesse de
trabalhar como escravo para desfrutar dessas coisas.
José Cassais
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