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sábado, 4 de maio de 2013

Aristóteles - Política

Aristóteles nos diz que existem dois tipos de escravidão: um que é legal, ou legítimo, o qual determina que alguém pode ser escravizado por causa das circunstâncias que o colocaram na situação de poder sê-lo, como quando este alguém é capturado numa ação de guerra; e o outro tipo é o natural, que se justifica pelo fato de certos indivíduos (ou povos, melhor dizendo) já nascerem com uma predisposição natural (genética, dir-se-ia hoje), para serem escravos, porque neles as únicas qualidades latentes seriam as manuais, as de diligência e obediência, justamente as que fazem com que o sujeito seja idealmente aproveitado no papel de escravo. O que leva à conclusão seguinte: a guerra que é travada para a captura deste tipo de indivíduos, quando eles se recusam à por si mesmos sujeitarem-se à escravidão, pode ser considerada uma guerra justa. Aristóteles considera o primeiro tipo de escravidão antinatural, ao contrário do segundo tipo.

Que absurdo, todavia, considerar que possam haver povos inteiros com características de escravos! Não é muito mais sábio que às pessoas particulares seja dada a oportunidade de decidirem qual o papel que desejam desempenhar na sociedade? Pois é óbvio que ser escravo, assim como ser qualquer outra coisa, tem suas vantagens e desvantagens, e que sempre houve escravidão, hoje em dia mais do que nunca. São bem conhecidos episódios da história em que escravos, confrontados com a possibilidade de emancipação, manifestaram o desejo de continuarem usufruindo o status quo da escravidão. A própria Bíblia supõe uma situação na qual um servo a ponto de ser libertado por seu senhor prefere permanecer na sua casa, servindo-o, sendo-lhe então furada a orelha com uma sovela, o que o marcaria como uma espécie de servo voluntário para sempre.

A escravidão é uma coisa com a qual o ser humano pode conviver, desde que não seja desumana, pois tem sido uma instituição inevitável desde o início da civilização até os dias atuais. A maior parte da humanidade que trabalha, hoje em dia, sabe que isto é verdade. Vivemos numa escravidão ideal. Desde muito cedo somos colocados em escolas onde, privados da liberdade de ir e vir e fazermos o que quisermos, iniciamos uma longa etapa de aprendizado destinada a nos preparar para o trabalho que ainda nos aguarda em um futuro distante. Nestas escolas passamos a maior parte do tempo livre de nossas infâncias e juventudes, aprendendo coisas que estamos fadados a esquecer completamente na sua maior parte. Que perda de tempo!

José Cassais

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