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quarta-feira, 23 de agosto de 2023

A Mulher de 30 Anos - Balzac

Nenhuma literatura no mundo dedicou-se mais a mostrar as causas do adultério feminino e a explorar os meandros da psicologia destas mulheres infiéis do que a francesa: Mme. de Renal (O Vermelho e o Negro, de Sthendal), Madame Bovary (romance homônimo, de Flaubert), Mme. Henebeau (personagem secundária mas com laivos de generalidade francesa nas causas de sua infidelidade, no romance de Zola, Germinal), Mme. de L'Aiglemont (A Mulher de Trinta Anos, de Balzac)...etc. A lista continua e pode ser aumentada com novas leituras. No último romance citado fica evidente que a causa do adultério à francesa é sempre invariável: não tanto o onipresente desejo masculino de conquista, mas bem mais do que isto, o fato de que o marido a ser traído é, invariavelmente, um homem bem-sucedido, contudo que não corresponde à expectativa romântica exacerbada das heroínas dos romances. Estas são, via de regra, mulheres burguesas que vivem sonhando com a plenitude amorosa que os seus maridos burgueses não lhes podem dar. Não há nada de reprovável nestes maridos. Eles até fazem filhos! Mas, pensando bem, talvez haja algo de reprovável neles, quando lemos que o velho pai da ainda solteira ... de L'Aiglemont, preocupa-se exacerbadamente com a infelicidade futura da filha se ela vier a casar-se com o jovem oficial de Napoleão que atrai sua simpatia. O pai vê que a filha não será feliz com ele, uma vez que não irá desfrutar do tipo de amor com o qual uma mulher realiza todos os seus mais caros sonhos amorosos. È comovedor contemplar um pai que se preocupa tanto com tal espécie de felicidade na vida futura de sua filha. Logo no início do livro deparamo-nos com este grande amor paternal, e só isto já é suficiente para desculpar as fraquezas do romance encontradas em capítulos posteriores, mormente naqueles que falam sobre o envolvimento da filha de ... com um pirata assassino. Todavia, depois deste lapso a narrativa retoma sua profundidade inicial e vai além dela. O pai morre e a filha segue os ditames da sua própria vontade, casando-se com o coruscante oficial.


José Caasais

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