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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Sidney Sheldon - A Ira dos Anjos

A Ira dos Anjos - Sidney Sheldon

 

Este parece ser um livro sem enredo. O autor começa o seu romance contando a história de uma mulher esforçada, a qual consegue tornar-se advogada e está tentando seguir a mesma carreira do pai. Graças a sua inteligência excepcional ela arranja um emprego num conceituado escritório de advocacia em Nova Iorque, pertencente a um famoso promotor que tem planos de tornar-se presidente dos Estados Unidos. Porém, já no seu primeiro caso, no qual trabalha como coadjuvante, acaba envolvendo-se numa confusão, sendo usada pela máfia com o fim de fazer com que o seu patrão perca a causa. Ela cai em desgraça, tornando-se uma pária no mundo judicial de Nova Iorque. Parece, então, que o livro vai desenvolver um certo enredo de ação, com Jennifer, a advogada azarada, lutando contra a poderosa máfia até conseguir, após mil peripécias, derrotar aqueles que a colocaram naquela difícil situação. Mas o autor escolhe outra linha, e passa a contar várias estórias paralelas.

Jennifer resolve continuar sua vida profissional como advogada, dividindo um escritório, instalado num pardieiro, com dois profissionais de segundo time. Ela começa a pegar causas difíceis para defender, tendo sempre como inimigo o mesmo promotor que fora seu primeiro patrão e cujos planos havia atrapalhado. No entanto, ela ganha todas as causas perdidas que aceita defender, e para este fim o autor faz com que utilize uns recursos bem ingênuos, baseado na pressuposição de que todos os júris populares são manipuláveis. Nada de novo sob o sol. A vida de Jennifer é uma reedição da de Cinderela, que de empregada doméstica aviltada torna-se princesa frequentadora dos bailes da corte, até chegar a desposar o príncipe herdeiro. Ela passa a conhecer pessoas maravilhosas. Este adjetivo, "maravilhoso (a)," começa a surgir muito frequentemente nas descrições de tudo o que existe nas situações que lhe aparecem. A prataria dos jantares é sempre maravilhosa.

Até este ponto, frustram-se as expectativas criadas, e o autor parece estar contando várias estórias, em um estilo de folhetim feminino ultrarromântico. Lá pelo meio do livro, o clima começa a mudar a partir do momento em que o filho de Jennifer é raptado por um psicopata. Neste ponto, Sheldon introduz a narrativa de ação, do tipo em que se corre contra o tempo para salvar uma vida. Tudo se passa em uma única noite, e as horas são dadas uma a uma, até os últimos minutos, quando o criminoso prometeu executar a criança. Dan Brown, que admitiu ter ganhado muitas ideias para seus enredos da leitura de um livro de Sidney Sheldon, o "Doomsday Conspiracy," deve ter relido muitas vezes este capítulo. Até o final o livro mantém certo dinamismo, com a máfia tentando acabar com o senador candidato a presidente dos Estados Unidos que quer acabar com ela, e que se torna realmente presidente, e que por acaso também é o pai do filho de Jennifer. Porém, apesar das cenas de ação concentrada, o livro se desenrola por um período bastante longo, com a vida de Jennifer atingindo uma certa velhice ou maturidade.

Portanto, do ponto de vista do tempo, o livro não tem um estilo definido, certos episódios completando-se em poucas horas, com muita ação embutida, outros desenvolvendo-se no período de uma existência, e outros nem tanto. No final, tudo se concentra na vida de Jennifer, uma advogada que o autor tenta apresentar como um exemplo de caráter, mas que tem uma queda por defender os criminosos acusados dos crimes mais hediondos e vai sendo envolvida cada vez mais na teia que as consequências de suas más escolhas tecem ao redor de sua vida. "Aqui se faz, aqui se paga," parece ser a mensagem que o autor tenta passar, além de, vaidade de vaidades, "tudo é vaidade e correr atrás do vento (Ecl 2:17)."


Sidney Sheldon

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