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domingo, 14 de abril de 2013

Tua Voz

Onde se houve a tua voz, tua voz que eu não mais escuto?
Que paredes, que ouvidos, percebem o som desta tua voz
Que a mim não chega mais?
O que dizem tuas palavras, que eu não compreendo
Nesta distância?

Teus lábios movem-se jorrando uma cascata de frases;
Teus lábios fecham-se quando escutas, abrem-se
Quando cantas... Mas eu não posso ouvir.
Sei que falas. A tua boca transborda com tantos tesouros;
Uma a uma libertas as tuas pombas,
Todas brancas de neve, todas de asas rutilantes.

Tua voz transforma o mundo,
Faz com que ele seja habitável, cria um remanso,
Penetra fundo no desconhecido,
Extraindo dele objetos familiares.
Tua voz é o cotidiano pão do sentido mais comum,
Abre sulcos na terra de cada dia
Onde as palavras se depositam como grãos
De dourado milho, germinando
Ao calor do sol que sempre te ilumina.

Sei que paredes acolhem a tua voz,
Sei que ouvidos estão atentos à tua voz
Quando falas, quando silencias, quando cantas.
Porém, eu nada escuto.
Aprisionado nesta distância,
Separado de ti por prédios e quintais, eu nada ouço,
Embora saiba que a tua voz está soando o dia inteiro.

O Criador colocou no mundo este grão de alegria: a tua voz.
Nós o louvamos, agradecemos a ele por isso.
Pois embora meus ouvidos estejam longe da fonte do canto,
A certeza da tua voz que soa me alimenta
Com um pão de alegria e coragem.

Pela eternidade soará a tua voz.
Porque os braços do Pai te acolhem,
Descerrando-te as portas do mistério,
Eu posso repousar e amar,
Ainda que não tu estejas nesta encruzilhada de tempo e espaço.
Porque cantas, eu posso caminhar.

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