sábado, 9 de novembro de 2024
sábado, 30 de março de 2024
A Precedência da Linguagem
Primeiramente é a língua, a fala. Depois é que surge o pensamento. Mas isto segundo um critério de temporalidade, sem nenhuma referência a qualquer tipo de precedência ontológica ou metafísica.
De acordo com esta perspectiva temporal, a linguagem falada vem em primeiro lugar. Porquanto, como é que se constrói o pensamento? Não está ele apoiado sempre em uma língua que é falada? Pensamos com palavras, e na ausência delas a nossa experiência intelectual não passa de um confuso amálgama de sensações e memórias que não podem ser comunicadas ou efetivamente analisadas, que nunca se traduzem em conceitos, e que não podem, portanto, aprimorar o que as experimenta nem a sociedade na qual ele está inserido.
Ser humano algum nasce pensando, todavia, quando começa a fazê-lo é sempre em uma determinada linguagem ouvida, a linguagem de seus pais. Sons significantes são associados a intuições, a objetos, a ações, a sentimentos — a ideias. O pensamento se constrói invariavelmente em uma linguagem específica, nela se desenvolve e exerce a sua atividade, e, fora dela, não acontece de maneira alguma. Pensamos em português, em inglês ou javanês, entretanto, fora de uma determinada linguagem não pensamos, pelo menos não da forma como se entende o pensar de qualquer ser humano que fala e pensa utilizando uma língua, nestes dois níveis de expressão do ser. Ora, nenhum homem nasce já tendo o domínio de sua linguagem. Tal conquista se faz pelo ouvir e pelo praticar, falando, o que primeiramente se ouviu e gravou na memória, como pensamento onde o significante está sempre ligado ao significado.
sexta-feira, 15 de março de 2024
quarta-feira, 6 de março de 2024
quarta-feira, 10 de janeiro de 2024
GRAY
Com uma pequena bolsa de couro, preta, na mão.
Onde o espera uma mulher velha.
DIÁSPORA
Em que havia risos e conversas,
E o povo reunia-se singelamente
Para cantar e louvar
Aquele que os mantinha unidos.
Por fim, cada um buscou o seu próprio interesse,
Corações e mentes errantes,
Tropeçaram e caíram.
Caíram para não mais levantarem?
Me genoito!*
Em algum lugar a história recomeça,
Mas um inimigo sonda os corações.
(Vigiai e orai, pois o inimigo é astuto
e não quer o vosso bem).
*Em grego: “Tal não aconteça!” Paulo usava muito esta expressão.