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sábado, 30 de março de 2024

A Precedência da Linguagem


Primeiramente é a língua, a fala. Depois é que surge o pensamento. Mas isto segundo um critério de temporalidade, sem nenhuma referência a qualquer tipo de precedência ontológica ou metafísica.

De acordo com esta perspectiva temporal, a linguagem falada vem em primeiro lugar. Porquanto, como é que se constrói o pensamento? Não está ele apoiado sempre em uma língua que é falada? Pensamos com palavras, e na ausência delas a nossa experiência intelectual não passa de um confuso amálgama de sensações e memórias que não podem ser comunicadas ou efetivamente analisadas, que nunca se traduzem em conceitos, e que não podem, portanto, aprimorar o que as experimenta nem a sociedade na qual ele está inserido.

Ser humano algum nasce pensando, todavia, quando começa a fazê-lo é sempre em uma determinada linguagem ouvida, a linguagem de seus pais. Sons significantes são associados a intuições, a objetos, a ações, a sentimentos — a ideias. O pensamento se constrói invariavelmente em uma linguagem específica, nela se desenvolve e exerce a sua atividade, e, fora dela, não acontece de maneira alguma. Pensamos em português, em inglês ou javanês, entretanto, fora de uma determinada linguagem não pensamos, pelo menos não da forma como se entende o pensar de qualquer ser humano que fala e pensa utilizando uma língua, nestes dois níveis de expressão do ser. Ora, nenhum homem nasce já tendo o domínio de sua linguagem. Tal conquista se faz pelo ouvir e pelo praticar, falando, o que primeiramente se ouviu e gravou na memória, como pensamento onde o significante está sempre ligado ao significado.

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quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

GRAY

Um velho atravessando a rua.
 
Um velho de boné,
Com uma pequena bolsa de couro, preta, na mão.
 
Um velho parecido com Neruda.
 
Um velho pisando nos para lele pípedos,
 
Carregando a manhã cinzenta para casa,
Onde o espera uma mulher velha.
 
Quando todos os dias serão cinza.
 
E o vento agita as árvores malvestidas.

DIÁSPORA

Passaram as tardes e as noites
Em que havia risos e conversas,
E o povo reunia-se singelamente
Para cantar e louvar
Aquele que os mantinha unidos.
 
Por fim, cada um buscou o seu próprio interesse,
Corações e mentes errantes,
Tropeçaram e caíram.
 
Caíram para não mais levantarem?
Me genoito!*
 
Em algum lugar a história recomeça,
Mas um inimigo sonda os corações.
 
(Vigiai e orai, pois o inimigo é astuto
 e não quer o vosso bem).
 
*Em grego: “Tal não aconteça!” Paulo usava muito esta expressão.

PAZ NA TERRA

Vi ontem a bandeira ondulante
Acima das cabeças de milhares do teu povo;
Uma bandeira alva na noite iluminada por holofotes.
 
 JESUS REINA
 
No âmago da floresta mais densa repousaremos
Tranquilos, cobertos pelo teu doce amor.

AO DEUS DOS LIVRAMENTOS

(No Estilo de um Salmo)
 
O Senhor calou a voz dos meus inimigos, silenciou-os,
Pôs um freio em suas línguas quando eles zombavam de mim.
Ocultavam-se em densas trevas preparando armadilhas,
Mas o Senhor estendeu a sua mão poderosa
E eles ficaram aprisionados no seu próprio laço;
Caíram no buraco que estavam cavando para mim.
Agora alcanço compreender como sentia-se Davi
Quando entoava louvores ao Deus que livra dos perseguidores!
E, assim, também eu cantarei e louvarei a tua misericórdia.
 
Pois o Senhor estabeleceu um breve tempo
Durante o qual os iníquos elevam as suas vozes
A fim de se vangloriarem, cheios de vento e vãs murmurações,
Até que se encham as medidas das suas iniquidades,
Como foi nos dias de Abraão, e nos dias da escravidão de Israel.
Então ele chamou o Seu povo, e em suas mãos colocou a espada
Para exterminar da terra os que aborreciam as suas leis.
 
Ó Deus, também hoje, coloca em nossas mãos a espada
Da tua palavra, a fim de que o mal aninhado nos corações
Seja extirpado, e os praticantes de iniquidades envergonhem-se,
E calem-se, atemorizados à visão do Juiz que não esperavam.
Eis que eles avançam empurrando, blasfemando, derrubando à direita
E à esquerda; e caem, vão caindo no abismo a sua frente,
Tornados cegos pela própria maldade.
 
O Senhor, no tempo apropriado, responder-lhes-á:
A sua memória não permanecerá sobre a terra,
Nem haverá na grande congregação dos justos
Registro de suas vidas efêmeras.
Nós, porém, ouviremos a tua voz, ó Senhor,
E louvaremos a tua justiça
Que desde sempre nos tens concedido.

VISÃO

Penso em Hagar, a que conversava com anjos.

A água escapou-lhe do odre, e ela estava sozinha

No deserto, com o seu tenro filho.

 

Todavia, ela continuou no deserto por muitos e longos anos,

Sobreviveu ao sol escaldante, à sede...

Porque seus olhos foram abertos para enxergar a água

Que escorria, murmurante, da Pedra.

PROVAÇÃO

Ó Senhor... tu sabes o que me falta.
Conheces a extensão do meu vazio,
Pois foste tu que enjaulaste
Em mim esta fome.
 
Mas eu tenho que aprender a viver faminto
Na tua presença.